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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013


Solo Sustentável - Colheita Próspera


O solo é um recurso vital para a humanidade, diversas são suas funções e grandiosos seus benefícios para à vida na Terra. Posso citar algumas funções do solo de natureza ecológica: um grande meio de suporte e de provisão para a produção de biomassa; um enorme reservatório da biodiversidade; ter um papel fundamental como regulador ambiental funcionando como um filtro, um acumulador e um transformador de compostos e organismos vivos; além da sua participação assídua no ciclo hidrológico; sua interação e nutrição de todo tipo de espécie vegetativa; de ser uma rica fonte de matéria prima; e de possuir tesouros arqueológicos, paleontológicos e paleoambientais.
Diante de tanta complexidade e importância, o solo também é utilizado para a agricultura, uma prática essencial para nossas vidas, mas que deve ser praticada com o devido cuidado, visando sempre técnicas produtivas sustentáveis. Diferente do pensamento de muitas pessoas, o solo não se encontra em grande abundância para o uso agrícola, apenas 11% são de boa qualidade para esta prática, em outras áreas ele é encontrado muito úmido ou muito seco, muito raso, quimicamente desiquilibrado, ou até mesmo congelado. Com essa menor porcentagem de terras produtíveis, há então duas questões a serem resolvidas, a primeira é a manutenção dessas terras para sua melhor utilização ao longo prazo, e a segunda é o não avanço para terras que tem outras funções ecossistêmicas.
Essa manutenção não é tão simples quanto parece, a degradação ambiental é o seu principal obstáculo a ser vencido, o solo por si só já sofre essa degradação por processos naturais, seja pelo clima atmosférico, seja por uma invasão de animais ou plantas daninhas, seja por processos erosivos, hidrologia, etc. Agora a maior responsabilidade da degradação ambiental dessas terras, se diz respeito das ações antrópicas, essas sim podem ser mais bem planejadas e executadas, visando sempre o uso sustentável dessas terras. Sabe-se que os processos de regeneração do solo são muito lentos, ou, muitas vezes, irreversíveis, podendo chegar até a desertificação. A maioria dos impactos negativos nessas terras são de práticas agrícolas inadequadas como o uso excessivo de pesticidas e fertilizantes, a mecanização pode causar a compactação do solo dificultando seu uso, a irrigação excessiva pode causar a salinização e a elevação do lençol freático, encurtamento do pousio, desmatamento, etc.
O avanço para terras que tem outras funções ecossistêmicas, se da muitas vezes através do desmatamento. Um dos maiores índices de destruição de florestas acontece pela abertura de clareiras para fins agrícolas, além do impacto negativo do ecossistema, a regeneração desse solo pode durar de cinco à quinze anos. Outro impacto que geralmente acontece, é o da destruição da cobertura vegetal para o uso da lenha para combustível, além do desmatamento, também contribui para a erosão do solo. Há também a expansão agrícola para áreas de encostas, o que se torna ainda mais perigoso, pois estas, muitas vezes, são consideradas áreas de risco.
O que mais contribuiu para esse tipo de degradação ambiental é, sem dúvida, o crescimento populacional juntamente com o desperdício e a má administração na distribuição alimentícia. A pressão por novas terras e a demanda por mais alimentos trouxe consigo uma pressão ímpar para resultados rápidos, com isso ainda há falta de educação, planejamento, manejo, etc. Inúmeros são os perigos da má gestão do solo, tanto para essa, como para as futuras gerações. Por mais que pareça “insistente” ou até mesmo “cansativo”, a sustentabilidade deve ser praticada verdadeiramente nas atividades agrícolas, existe a necessidade de cooperação e interação entre os produtores mais ricos e os mais pobres, é preciso despertar o interesse por parte do consumidor e do produtor por práticas de cultivo que façam parte do “ecologicamente correto”, pois só assim haverá solo fértil para o semeador. ▪


Por Alexandre Tiltscher
Engenheiro Ambiental

solo sustentável