Solo Sustentável - Colheita Próspera
O solo é um recurso
vital para a humanidade, diversas são suas funções e grandiosos seus benefícios
para à vida na Terra. Posso citar algumas funções do solo de natureza ecológica:
um grande meio de suporte e de provisão para a produção de biomassa; um enorme
reservatório da biodiversidade; ter um papel fundamental como regulador
ambiental funcionando como um filtro, um acumulador e um transformador de compostos
e organismos vivos; além da sua participação assídua no ciclo hidrológico; sua
interação e nutrição de todo tipo de espécie vegetativa; de ser uma rica fonte
de matéria prima; e de possuir tesouros arqueológicos, paleontológicos e
paleoambientais.
Diante de tanta
complexidade e importância, o solo também é utilizado para a agricultura, uma
prática essencial para nossas vidas, mas que deve ser praticada com o devido
cuidado, visando sempre técnicas produtivas sustentáveis. Diferente do
pensamento de muitas pessoas, o solo não se encontra em grande abundância para
o uso agrícola, apenas 11% são de boa qualidade para esta prática, em outras
áreas ele é encontrado muito úmido ou muito seco, muito raso, quimicamente
desiquilibrado, ou até mesmo congelado. Com essa menor porcentagem de terras
produtíveis, há então duas questões a serem resolvidas, a primeira é a
manutenção dessas terras para sua melhor utilização ao longo prazo, e a segunda
é o não avanço para terras que tem outras funções ecossistêmicas.
Essa manutenção não é
tão simples quanto parece, a degradação ambiental é o seu principal obstáculo a
ser vencido, o solo por si só já sofre essa degradação por processos naturais,
seja pelo clima atmosférico, seja por uma invasão de animais ou plantas
daninhas, seja por processos erosivos, hidrologia, etc. Agora a maior
responsabilidade da degradação ambiental dessas terras, se diz respeito das
ações antrópicas, essas sim podem ser mais bem planejadas e executadas, visando
sempre o uso sustentável dessas terras. Sabe-se que os processos de regeneração
do solo são muito lentos, ou, muitas vezes, irreversíveis, podendo chegar até a
desertificação. A maioria dos impactos negativos nessas terras são de práticas
agrícolas inadequadas como o uso excessivo de pesticidas e fertilizantes, a
mecanização pode causar a compactação do solo dificultando seu uso, a irrigação
excessiva pode causar a salinização e a elevação do lençol freático, encurtamento
do pousio, desmatamento, etc.
O avanço para terras
que tem outras funções ecossistêmicas, se da muitas vezes através do desmatamento.
Um dos maiores índices de destruição de florestas acontece pela abertura de
clareiras para fins agrícolas, além do impacto negativo do ecossistema, a
regeneração desse solo pode durar de cinco à quinze anos. Outro impacto que
geralmente acontece, é o da destruição da cobertura vegetal para o uso da lenha
para combustível, além do desmatamento, também contribui para a erosão do solo.
Há também a expansão agrícola para áreas de encostas, o que se torna ainda mais
perigoso, pois estas, muitas vezes, são consideradas áreas de risco.
O que mais contribuiu
para esse tipo de degradação ambiental é, sem dúvida, o crescimento
populacional juntamente com o desperdício e a má administração na distribuição
alimentícia. A pressão por novas terras e a demanda por mais alimentos trouxe
consigo uma pressão ímpar para resultados rápidos, com isso ainda há falta de
educação, planejamento, manejo, etc. Inúmeros são os perigos da má gestão do
solo, tanto para essa, como para as futuras gerações. Por mais que pareça
“insistente” ou até mesmo “cansativo”, a sustentabilidade deve ser praticada
verdadeiramente nas atividades agrícolas, existe a necessidade de cooperação e
interação entre os produtores mais ricos e os mais pobres, é preciso despertar o
interesse por parte do consumidor e do produtor por práticas de cultivo que
façam parte do “ecologicamente correto”, pois só assim haverá
solo fértil para o semeador. ▪
Por
Alexandre Tiltscher